Tenho HIV, e agora? O que fazer diante do diagnóstico positivo?
O Dezembro Vermelho é um mês inteiramente dedicado à prevenção ao HIV. Mas, sobretudo, é um período de conscientização. Isso vale tanto para combater o preconceito quanto desmitificar a ideia de que o diagnóstico positivo é sinônimo da sentença de morte. Então, o que fazer quando você se descobre uma pessoa soropositiva?
HIV e Aids são a mesma coisa?
Antes de mais nada, é preciso entender a diferença entre HIV e Aids. O HIV é o vírus da Imunodeficiência Humana. Ele ataca as células do sistema imunológico que protegem o organismo de doenças. À medida que se reproduz e destrói os linfócitos T-CD4+, o vírus compromete gradualmente o sistema imunológico do indivíduo.
Com isso, a pessoa torna-se suscetível ao desenvolvimento das chamadas “doenças oportunistas”. É nesse ponto que ocorre o surgimento da aids. Ou seja, a distinção entre HIV e aids é que o HIV é o vírus causador da aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, em português). No entanto, ter HIV não significa que a pessoa desenvolva a doença.
Vale lembrar que o intervalo de tempo para que isso aconteça desde a infecção pelo HIV é variável e pode se estender consideravelmente. Sendo assim, quando alguém é infectado, passa a ser considerado soropositivo. Porém, muitos soropositivos podem conviver por anos com o vírus sem manifestar a doença e sem apresentar sinais ou sintomas de aids.
O que fazer se receber o diagnóstico de HIV?
Receber o diagnóstico positivo para HIV, inegavelmente, faz surgir uma série de dúvidas, incertezas e inseguranças. Por isso, é importante que este diagnóstico seja transmitido por um profissional qualificado e que, sobretudo, ofereça apoio emocional, orientação e encaminhamento.
O primeiro passo após receber o diagnóstico do HIV é buscar atendimento no local apropriado para iniciar o tratamento. Em alguns municípios, o acompanhamento é feito na própria UBS com o médico de família e comunidade. Ou, ainda, conduzido pelo infectologista no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) ou no SAE (Serviço de Assistência Especializada).
De qualquer forma, há toda uma rede nacional com diversos serviços disponíveis que podem ser consultados no site: www.aids.gov.br.
A segunda etapa envolve a realização de exames para determinar a carga viral, ou seja, a quantidade de vírus circulante no organismo. Também, exames que indicam a quantidade de linfócitos de defesa presentes. A contagem de células CD4, CD8 e a relação entre elas possibilitam verificar o estado imunológico do indivíduo.
Após a coleta dos exames, o paciente deve iniciar o tratamento com medicamentos antirretrovirais. Esses medicamentos impedirão a entrada do vírus nas células de defesa, permitindo que a medula gradualmente produza novas células e recupere a imunidade da pessoa vivendo com HIV. Além disso, o tratamento adequado:
- impede o desenvolvimento da Aids
- evita o surgimento de infecções oportunistas
- reduz a mortalidade
- aumenta a expectativa de vida
- diminui a transmissibilidade do vírus
Com o uso consistente e regular dos medicamentos, a pessoa atinge a carga viral indetectável, ou seja, o vírus está sob controle. Assim, não transmite o HIV para outros indivíduos.
Importância da saúde mental
Antes de mais nada, ao receber o diagnóstico positivo para HIV, é fundamental manter a calma. E, por mais difícil que seja, compreender que o diagnóstico de HIV não é uma sentença de morte. Pelo contrário! Com o tratamento adequado, a pessoa pode levar uma vida semelhante a quem enfrenta outras doenças crônicas, por exemplo, diabetes e hipertensão.
Ou seja, poderá ter relacionamentos, filhos, desfrutar de momentos de lazer, trabalhar e viver plenamente. No entanto, quem passa pela experiência inevitavelmente se sente só. O que não é real, considerando todos os serviços direcionados justamente à assistência. Isso inclui desde atendimento odontológico até psicológico. Este, inclusive, é crucial.
O maior medo das pessoas com HIV, inegavelmente, é o preconceito, além da discriminação e da falta de aceitação. Algumas maneiras de lidar com isso incluem:
- trabalhar a própria percepção preconcebida
- cultivar um autocuidado afetuoso
- decidir se manter em sigilo para garantir uma sensação de tranquilidade ao interagir com outros,
- conectar-se com metas de vida
- investir em realizações pessoais
- buscar conhecimento
- participar de redes sociais de grupos de pessoas vivendo com HIV
Ao receber o diagnóstico de HIV, a pessoa também carrega o ônus do estigma social. Algo, aliás, que é até mais prejudicial que o próprio vírus. Por isso, é essencial trabalhar a informação e, principalmente, derrubar o preconceito.