Por que precisamos falar sobre a saúde mental das mães
A pressão pela maternidade perfeita e o acúmulo de funções levam a distúrbios emocionais que afetam seriamente a saúde mental das mães
A maternidade é, sem dúvidas, um momento gratificante, mas também altamente desafiador, principalmente pela visão de que as mães são heroínas de forças praticamente inesgotáveis. Quando, na verdade, toda essa pressão as leva ao limite da exaustão e, sobretudo, faz com que o tema saúde mental das mães seja negligenciado.
Todo mundo sabe o quanto é exaustiva a rotina de conciliar o cuidado com os filhos, afazeres domésticos (pois, infelizmente, a divisão de tarefas ainda é exceção quando deveria ser regra), vida profissional e social. Uma jornada agravada pela cultura imposta de que as mães “devem dar conta de tudo”.
Como resultado disso, temos um agravamento real dos problemas relacionados à saúde mental das mães, principalmente depressão, ansiedade e esgotamento emocional. Fruto de uma maternidade romantizada que esconde um lado cheio de sentimentos conflitantes que impactam diretamente a qualidade de vida e, até mesmo, as relações familiares.
O que é, exatamente, a saúde mental das mães?
Antes de tudo, é interessante compreender o conceito do que é, realmente, a saúde mental materna. Segundo definição da Organização Mundia da Saúde (OMS), a saúde mental é o estado de bem-estar na qual a pessoa percebe suas habilidades e consegue lidar com as adversidades naturais da vida.
Sendo assim, colocando no contexto das mães, seria lidar com a maternidade e o que ela - realmente - traz ao longo da vida. Não à toda, a primeira quarta-feira do mês de maio foi definida como o Dia da Saúde Mental Materna. A ideia é levar à luz os transtornos mentais que mais comumente afetam as mães.
Principais condições mentais que afetam as mães
Quando falamos em condições mentais relacionadas à maternidade, inicialmente, pensamos na depressão pós-parto. Mas, embora este seja, de fato, um transtorno comum, mães, em diferentes fases da vida, experimentam questões emocionais igualmente sérias.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto é, de modo geral, um distúrbio emocional que afeta as mães logo durante o puerpério. Seus sintomas são similares à depressão comum, mas chamam a atenção aqueles sinais bem específicos da maternidade, por exemplo:
cansaço extremo
tristeza
sentimento de culpa
sensação de ser incapaz de cuidar do bebê (ainda que não seja o primeiro)
Uma das principais preocupações em relação à saúde mental das mães neste caso é o risco que essa inconsistência emocional traz para si mesma e o recém-nascido.
Ansiedade materna
Embora também esteja entre os sintomas da depressão, a ansiedade ou tristeza materna também aparece em situações isoladas. Principalmente, em contextos como retorno ao trabalho, quando há, além da separação da criança, o temor de não haver suporte por parte da empresa. Entre os principais sinais, estão:
humor depressivo
insônia
dificuldade em tomar decisões
sensação de pânico
Psicose puerperal
Também conhecida como depressão psicótica, acomete uma a cada cinco mães na fase do puerpério. Entre os sinais mais comuns da condição, estão transtornos do sono, alucinações, delírios e oscilações do humor.
Esgotamento
O esgotamento emocional é a fase aguda do estresse e acomete mães em diferentes fases da vida. O transtorno decorre da sobrecarga pelas tarefas diárias que, comumente, incluem o cuidado com casa, filhos e vida profissional.
Além dos transtornos acima, quando se fala em saúde mental das mães, também preocupam o estresse pós-traumático e os distúrbios alimentares. O primeiro normalmente envolve situações extremas, como violência doméstica, complicações na gestação, acidentes, entre outras.
Já os distúrbios alimentares podem se associar a outras condições, principalmente depressão e ansiedade.
O papel e o suporte da família
Existe uma cultura (que precisa ser combatida) de que as mães são diretamente responsáveis pelo cuidado com os filhos. Quer ver como isso persiste? Basta lembrar quantas vezes já se pegou perguntando, diante de uma criança levada, “onde está a mãe que não dá educação”.
A verdade é que ninguém precisa assumir essa tarefa sozinha e, nisto, há um papel fundamental da família, amigos e mesmo grupos de apoio. Companheiros, companheiras, familiares e pessoas próximas devem dar suporte no que toca às tarefas domésticas, compras, alimentação e, principalmente, emocional.
Estratégias de autocuidado
Cuidar da saúde mental das mães não é egoísmo e, menos ainda, frescura. Isso é, sobretudo, uma prioridade e ninguém precisa chegar ao ponto de ficar doente para, finalmente, pedir ajuda. Por isso, vale adotar algumas estratégias de autocuidado na própria rotina, ainda que ela seja realmente adversa:
cuidar da higiene do sono, mesmo que dormir, principalmente nos primeiros meses do bebê, pareça impossível
praticar atividades físicas, desde as caminhadas no parque até ioga e meditação
adotar dieta saudável para garantir os nutrientes necessários e manter a energia
tirar um tempo para si mesma, mesmo que sejam apenas 10 minutos para ler o capítulo de um livro, tomar um banho relaxante ou aquela taça de vinho
São pequenas coisas que possibilitam cuidar da saúde mental das mães e, principalmente, permitir que elas se conectem consigo mesmas.
Procure ajuda!
Saúde mental é coisa séria e deve ser prioridade. Diante de qualquer sinal de distúrbios emocionais, é fundamental procurar ajuda profissional.
Por isso, agende um horário com os psicólogos e psicólogas da Clínica Vittá.
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